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O Elvis não morreu, continua vivo e mora numa roulotte na Califórnia

O Elvis não morreu, continua vivo e mora numa roulotte na Califórnia, é um blog de música, de momentos, de memórias, de eventos, de acontecimentos, novidades e reportagem sobre música.

23
Dez15

Someday at Christmas

Elvis

Quando era miúdo passei sempre o natal em casa dos meus avós. Os meus avós habitavam uma moradia em lisboa. A casa era grande e fria, especialmente na época de natal. O meu avô acendia uns aquecedores grandes a petróleo que aqueciam aquele corredor enorme. Ao fundo do corredor o oratório estava sempre aberto e iluminado, no centro o Menino Jesus, deitado nas palhas e uma vela sempre acesa. Na sala do piano o meu avô tocava, várias pessoas que passavam o natal connosco cantavam. Tenho saudades de ouvir o meu avô tocar, tocava bem, pelo menos aos olhos de uma criança. Na sala de jantar a mesa sempre posta com requinte, o cesto do pão e uma garrafa de vinho tinto, nunca saíam da mesa durante os dias de natal. A cozinha era uma corrupio, panelas ao lume, frigorifico a abrir e a fechar, travessas a serem preparadas, doces a serem ultimados, para não atrapalhar, sentava-me no 3º de grau das escadas que iam para o sótão e dali observava a agitação. As minhas tias mais velhas, dividiam-se umas ficavam a ouvir o meu avô tocar, outras iam para a sala da televisão e ali vegetavam a ver um daqueles programas de natal dos anos 80. No último quarto da casa, ao fundo do corredor do lado esquerdo, junto do oratório, iam sendo depositados os presentes de natal, eram agrupados por pessoa, claro que não tinha acesso a este quarto. Estava fechado a sete chaves, só à meia noite de dia 24 podia ir ver os meus presentes.

 

No dia 25, se não estivesse a chover, o meu avô abria um pouco as portadas da sala de jantar, para o jardim o que permitia às crianças correrem um pouco mesmo com o frio. Ao fim da tarde, encostava-me ao meu avô a ver televisão. A vida muda, faz mudar aquilo que me parecia ser o meu natal para sempre, foi mudando por diversos motivos, mas estas são as melhores recordações de natal. Talvez por isto, adoro celebrar o natal, sempre gostei. Por muito banal que possa parecer, gosto mesmo desta festa em que estamos todos juntos, partilhamos refeições, conversamos, rimos e sorrimos em conjunto. Gosto do frio do natal, é único e gosto de ligar os aquecedores todos no natal, de ter a casa quente como se fosse verão. Gosto de ter o natal em casa, na nossa casa e as pessoas à nossa volta, cria raizes. Este ano é especial, ao fim de muitos natais que já passei, este será o meu primeiro natal casado. Uma estreia absoluta. No século XXI não há moradias grandes e oratórios, há o apartamento possível, mas este ano para o nosso natal, vou acender uma vela junto ao presépio feito de Playmobil, por todos os natais que já passei e não esqueci, por todos os natais que já passaste e não esqueceste, para que os nossos filhos sintam o encanto do natal sempre, pelo espirito e encanto de natal,  por todos os que já não estão connosco e nos deixam saudades, por todos os que têm frio, por todos os que estão sozinhos e por todos os que têm fome.

 

Cinco anos exatos antes de eu nascer, o Stevie Wonder lançou um álbum de natal, nele continha esta música “Someday at Christmas”, deixo-a aqui na voz do Eddie Vedder e companhia, com os votos de que tudo o que nela contem se realiza um destes natais.

 

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